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Pseudo o que?

Pipocam cada vez mais perfis de psicólogos nas redes sociais e entre estes, pipocam alguns que ao pretenderem defender a Psicologia como ciência e profissão, incorrem em faltas éticas, epistemológicas e induzem o público leigo a erro. É cada vez mais frequente aparecerem perfis, não raras vezes, com fins de autopromoção, dizendo que a Psicanálise seria uma Pseudociência. Nesse sentido, psicanalistas sérios que atuam em pesquisa clínica e desenvolvimento científico como Christian Dunker, já tentaram demonstrar a problemática retórica e epistemológica dessa afirmação que é sim FALACIOSA. Pergunto: O que caracteriza a ciência? E mais do que isso, o que caracteriza o método científico? Estudos clínicos de caso, como os que são frequentes na trajetória de Freud e de pesquisadores da psicanálise são considerados metodologias legítimas para a produção do conhecimento.  Eu nunca vi em nenhum desses perfis uma descrição do que seria ciência. Ora, se se pretende acusar determinado saber de ser p
Postagens recentes

Workshop Avaliação de Risco de Suicídio

 Ministro Workshop sobre Prevenção do Suicídio e Avaliação de Risco desde 2017. É muito gratificante receber retorno positivo desse trabalho. Recebi nas últimas turmas feedbacks muito positivos e notícias de que o curso instrumentaliza os profissionais para lidar com essa demanda. Haverá mais uma turma do Workshop Avaliação de Risco de Suicídio em junho. Veja informações no folder. Há tempo de garantir sua vaga. O curso é recomendado para profissionais de saúde, estudantes e educadores. (Flávia Andrade Almeida, psicóloga, administradora da pág Psicologia e Prevenção do Suicídio). 11 97046-7173 . #curso #suicidio #saudemental #prevencao #psicologiaclinica #psicanalise #foucault #winnicott #freud

As escolhas na Psico-Oncologia em tempos de pandemia

Tocar as mãos, acolher a dor psíquica com o toque firme da mão. É talvez um dos gestos mais fortes e mais simbólicos de um psicológo hospitalar. No contexto da Psico-Oncologia, no qual muitas vezes não são as palavras, mas as mãos que expressam e acolhem dores emocionais esse gesto, suprimido, faz imensa falta. Os pacientes oncologicos, aqueles que estão em quimioterapia ou radioterapia, tem sistemas imunológicos mais frágeis, mais vulneráveis. Esse aspecto potencializa suas angústias em tempos de um vírus que sufoca o pulmão e a alma. Viver com câncer já os faz muitas vezes viver com uma ampulheta colada no rosto, com um fantasma mortífero, denso, pesado. E aquilo que trazia antes conforto, as minhas mãos, as mãos da psicóloga que os atende, agora traz pânico. As mãos do médico, da enfermeira, não são mais colo, são medo. E não tem sido fácil superar o medo, a preocupação de não ser agente de contaminação dos pacientes que atendemos no contexto oncologico. Há como que um muro, n

A deslegitimação da tristeza e da subjetividade no processo de adoecimento físico

A noção de saúde no contexto social parece estar naturalizada. É como se por  saúde entendêssemos algo do campo do óbvio. Como se saudável fosse meramente aquele que não sofre de nenhum tipo de perturbação física ou psíquica. No campo dos saberes da saúde o conceito vem sendo discutido há algum tempo. A noção de saúde como ausência de doença parece não ser a mais adequada e a Organização Mundial da Saúde adverte que estar saudável não se restringe a não ter doenças. Por outro lado, saúde como estado de bem-estar pode remeter a um entendimento vago e genérico, pois aquilo que pode trazer sensação de bem-estar varia de acordo com cada pessoa. De todo modo, o que parece indiscutível é que invariavelmente chega, junto a qualquer tipo de adoecimento, a angústia. Geralmente a angústia e a tristeza são relacionadas ao tipo e a gravidade do adoecimento. Algumas vezes estão relacionadas diretamente ao medo da morte. E nesse ponto, perguntamos: em nossa sociedade, há lugar para triste

Por que os adolescentes se automutilam?

Por que os adolescentes se automutilam? Essa parece ser uma das perguntas mais frequentes da atualidade, especialmente nos contextos familiar e escolar. Pais de adolescentes tem manifestado muita preocupação com o fato de estar aumentando consideravelmente a frequência de autolesões em jovens. Essa temática também é uma constante no contexto escolar, emergindo como uma das maiores preocupações dos educadores. Frequentemente os temas da automutilação, das tentativas de suicídio e do suicídio são tratados e discutidos por profissionais da saúde mental, mas esses fenômenos não devem ser exclusivamente pensados nesse contexto. Isso porque são fenômenos que ocorrem e são motivados por múltiplas causas, humanas, existenciais e pela interação de fatores individuais e sociais. Na medida em que o individual é coletivo, já que construímos nossas identidades e nos integramos psiquicamente enquanto sujeitos, na relação com o outro, com o coletivo é preciso situar a ocorrência de atos

A morte enquanto tabu

É bastante corriqueiro nos nossos dias ouvir que a morte é um tabu, aquilo sobre o que não se quer falar, ou antes, aquilo sobre o que não se quer pensar. Vemos o quanto a morte está nesse lugar de tabu, do interdito, por exemplo, quando notamos ser corriqueiro que se escondam as mortes das crianças, quando se evita a presença destas em hospitais, UTI’s e funerais. Como se a criança não pudesse, psiquicamente, elaborar o fato, inevitável, de sermos todos, (inclusive elas), mortais. O historiador francês Philippe Ariès, conhecido por seus estudos históricos sobre as representações sociais da morte, nos revira um pouco de nosso modo naturalizado de entender a morte. Em um de seus estudos, ele remonta as representações sociais da morte antes do século XVIII, fazendo ver que, na sociedade ocidental, a morte nem sempre foi tratada como tema censurado. Ariès assinala que antes do século XVIII a morte já havia sido uma “morte domada”, ou seja, um fenômeno parte do cotidiano. N

Como ajudar um enlutado por suicídio? - por Flávia Andrade

Como ajudar um enlutado por suicídio? O luto é considerado uma reação humana a perda de algo existencialmente significativo, seja um ente querido ou o rompimento de algum laço afetivo, por exemplo. Donald Woods Winnicott, psicanalista inglês, considerava o luto como um processo de transformação, uma espécie de transição de uma dor psíquica muito profunda, até uma forma de nostalgia. Em outras palavras, a dor intensa da perda, vai, com o tempo de cada um, de cada sujeito, sendo substituída por saudade, por lembrança. Para Winnicott é necessário e absolutamente saudável, do ponto de vista psíquico, vivenciar o luto, chorar a dor da maneira com que cada um, singularmente, a sinta. Os limites emocionais são absolutamente individuais e, em decorrência, a dor do luto e a maneira de expressar essa dor, também é absolutamente individual. Não cabe portanto, comparar dores ou minimizar a dor do outro, menos ainda julgar essa dor. No caso de luto por suicídio, justamente pelo que o